
No campo de projetos industriais, a diversidade e o número de exigências dos clientes geram um aumento crescente da demanda para melhoria de processos e qualidade do projeto. No mesmo cenário, a recente introdução da Modelagem da Informação da Construção (BIM) no processo de projetos industriais levantou uma discussão sobre como melhorar a colaboração de modo a tirar proveito da nova tecnologia. Para garantir um ambiente de colaboração com uso de BIM, o crescimento do número de interfaces entre os envolvidos e as tarefas relacionadas ao desenvolvimento do projeto levaram a um aumento das responsabilidades do gerente de projetos e a mudanças nas atuais práticas de gestão e de comunicação. Por meio de um estudo de caso, o objetivo do artigo é avaliar o impacto da implementação do BIM no segmento de projetos industriais, destacando as principais dificuldades e pontos críticos resultantes da mudança tecnológica.
O caso refere-se à avaliação dos resultados de implementação do BIM em um projeto industrial desenvolvido por uma empresa de engenharia que possui matriz na cidade de São Paulo, no qual se introduziu a modelagem como um dos requisitos estabelecidos pelo próprio cliente. Os métodos de pesquisa adotados foram: revisão da literatura quanto à gestão de projetos, tecnologia da informação na construção e outros conteúdos que fundamentaram o trabalho de pesquisa e a análise do estudo de caso.

As fontes de evidências foram garantidas por meio de contatos realizados com os responsáveis técnicos, coordenador de projetos, engenheiros e líderes das disciplinas envolvidas, com entrevistas semiestruturadas e análise de documentos. Deficiências do processo de projeto impactaram o desenvolvimento das atividades e consequentemente, a qualidade do projeto. Os fatores responsáveis pelas dificuldades na implantação do sistema foram identificados e divididos em grupos de acordo com sua natureza: pessoas, fatores tecnológicos e fatores de gestão.
Os resultados finais são apresentados como um conjunto de recomendações para evitar os problemas encontrados no caso estudado e alcançar os benefícios esperados com a implementação de BIM em projetos industriais, com base nas melhores práticas da gestão de projetos.
Os problemas atuais envolvendo a gestão da qualidade do projeto e da execução das obras e construção são demandas nítidas por ações capazes de melhorar uma indústria que se mostra mais atrasada do qualquer outra, em sua tentativa de tornar-se mais competitiva de prestar melhores serviços aos clientes e à sociedade como um todo (ARANDA-MENA etal., 2009).
De acordo com esses autores, para reduzir conflitos, devem ser adotadas medidas para mitigar riscos e dotar a indústria de uma nova documentação da construção, por meio da tecnologia de modelagem de informações da construção (BIM). Portanto, nos anos recentes, a modelagem da informação da construção aparece como promotora da inovação a partir da integração dos agentes da construção e potencialmente pode melhorar os processos de trabalho nas quatro fases do projeto e nas interfaces entre eles.

Espera-se que forneça colaboração eficiente, integridade de dados, documentação inteligente, acesso e recuperação de dados e projetos de alta qualidade, por meio de análises de desempenho melhorado, coordenação e planejamento multidisciplinar (GU e LONDON, 2010). No entanto, em um estudo realizado no Reino Unido, Eadie et al. (2013) demonstraram que o uso mais frequente de modelagem de informações acontece nas fases de concepção e de pré-construção (projeto detalhado).
Na sequência, o uso mais comum foi na fase de construção em si e, finalmente, na fase de uso e operação. A mesma pesquisa também concluiu que a experiência de modelagem da informação da construção foi realizada dentro das equipes de projeto e poucos clientes são capazes de usar todo o seu potencial.
O uso do BIM em empresas projetistas pode beneficiar o processo de projeto. No entanto, a cultura das empresas no setor, o fluxo informal de informações e de documentos entre as partes envolvidas, o uso inadequado das ferramentas e a falta de formação dos projetistas para as novas ferramentas afetam o processo de projeto e, consequentemente, a qualidade do projeto (ITO, 2007). O uso do BIM requer uma nova maneira de pensar. Habituados ao desenvolvimento de projetos usando metodologias tradicionais e processos de representação em duas dimensões (2D), os profissionais de projeto se veem diante da necessidade de mudar seus conceitos, ao usar o BIM. E as equipes que eram tradicionalmente fragmentadas, devem se tornar uma única equipe, integrada e colaborativa.

Autores:
Karina Matias; Tássia Farssura Silva; Silvio Melhado.